Essa é a primeira pergunta que se faz ao se iniciar o tratamento após a cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA).
“Eu vi na tv que o jogador de futebol voltou com cinco meses de cirurgia” é o que se ouve muito no consultório.
Quem pratica algum tipo de esporte sabe que a maior penitência da lesão é deixá-lo afastado do esporte que ele ama praticar e se ele pudesse escolher, voltaria o mais rápido possível.
Entre a vontade do atleta e a volta segura ao esporte está o fisioterapeuta responsável pela reabilitação deste joelho que recebeu um tendão para realizar a função de ligamento que ali não existe mais.
Mas afinal, qual o tempo certo de retorno ao esporte sem prejudicar o atleta?
Um estudo publicado em Janeiro de 2020 na revista JOSPT buscou responder essa pergunta, procuraram investigar a associação entre sofrer uma segunda lesão do LCA com as seguintes variáveis: tempo para retornar ao esporte, a simetria da função muscular e a força do músculo quadríceps no momento do retorno ao esporte em jovens atletas após a cirurgia.
Dos mais de 150 atletas avaliados, 64% retornaram ao esporte entre sete e 11 meses após a reconstrução do LCA , apenas 24% dos atletas alcançaram função muscular simétrica em toda a bateria de testes antes de retornar ao esporte, 11% sofreram uma nova lesão do LCA e desses 67% ocorreram em atletas que retornaram ao esporte extenuante do joelho entre oito e nove meses após a cirurgia.
Vale ressaltar que uma ruptura do LCA da perna oposta a cirurgia també muito comum, em 2006 o jogador de futebol Nilmar quando jogava pelo Corinthians, rompeu o LCA do joelho direito em uma partida contra o Palmeiras e em seu retorno precoce ao futebol, após seis meses, coincidentemente também contra o Palmeiras, rompeu LCA do joelho esquerdo.
Concluiu-se nesse estudo que atletas que retornaram ao esporte antes de nove meses após a reconstrução, apresentaram uma taxa aproximadamente sete vezes maior de uma segunda lesão em comparação com aqueles que retornaram aos nove meses ou mais.
Este artigo levanta uma discussão existente há décadas sobre o tema, o tempo adequado para liberação do atleta para suas atividades. Conforme apresentado, liberar o atleta à partir de nove meses mostra ser a conduta mais segura, diminuindo as chances de re-lesão ou lesão contralateral.
Como diz o ditado: a pressa é inimiga da perfeição, e nesse caso pode ser altamente prejudicial ao atleta.
Texto produzido pelo fisioterapeuta: Fabio da Silva Forti crefito-3: 248247-f